19 set Recuperação do solo é desafio dos canavieiros para mitigar prejuízos com queimadas
Fogo atinge mais de 181 mil hectares paulistas de cana-de-açúcar e prejuízo ultrapassa R$ 1 bilhão
Mesmo com a chegada das chuvas em parte do estado de São Paulo, que aliviaram parte do impacto das queimadas na região, ainda existem focos ativos de fogo que preocupam a população.
Segundo levantamento divulgado pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento de São Paulo, os setores de pecuária, cana-de-açúcar, fruticultura, heveicultura (cultivo de seringueiras) e apicultura são os que mais somam perdas com as queimadas. O levantamento aponta para um prejuízo que já ultrapassa R$ 1 bilhão.
O estado de São Paulo é responsável por 53,2% da produção nacional de cana-de-açúcar e, segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), o fogo atingiu mais de 181 mil hectares dos canaviais paulistas.
Luis Carlos Tasso Junior, agricultor da cidade de Sertãozinho, possui cinco mil hectares de cana-de-açúcar e, apesar de todos os aceiros presentes na propriedade, somente no final do mês de agosto, teve mais de 900 hectares de terra devastados pelo fogo.
“Tudo aconteceu muito rapidamente, sem controle e, mesmo com todos os aceiros que temos em nossa propriedade, o fogo tomou conta de tudo. Ao todo, perdemos mais de R$ 4 milhões entre insumos e possíveis perdas de soqueira”, afirma o agricultor.
Ainda de acordo com Tasso, o canavial estava 100% cortado, adubado, com aplicação de inseticida e herbicida. Parte da plantação estava em fase de brotação da soqueira e a outra foi plantada há seis meses.
Embora a queima do canavial fosse usada para promover a limpeza das folhas secas e verdes, o que deixava os colmos limpos para serem transportados, a prática foi proibida por diversos motivos, dentre eles, a redução da biodiversidade do solo. As queimadas que atingem o estado de São Paulo excedem o tempo de queima da cana, inferindo em maior probabilidade de exsudação do caldo, rachaduras no colmo e desenvolvimento de microrganismos indesejáveis.
Além dos prejuízos para a planta, após passar por uma queimada, o solo sofre um processo de degradação, o que pode comprometer a qualidade e a produtividade do mesmo a longo prazo. Por isso, após contabilizar os prejuízos, os produtores precisam iniciar o mais rápido possível ações para recuperar o solo e a plantação, tentando, assim, mitigar as perdas.
De acordo com a agrônoma e técnica da Massari Fértil, Roberta Normanha Bardauil Conte, para a recuperação após as queimadas, é importante restaurar a vida e a fertilidade do solo.
“Sabemos que fertilizantes químicos fornecem alguns nutrientes rapidamente, mas não devolvem a biota, a diversidade de microrganismos, ao solo. Para recuperação a longo prazo, algumas práticas devem ser tomadas, como a rotação de culturas, que trazem de volta a matéria orgânica, tendo como exemplo a braquiária”, explica.
Além da recuperação da biota, a correção do pH do solo também se faz necessária para um melhor aproveitamento dos fertilizantes. “Neste momento, a escolha por fertilizantes micronizados auxilia na nutrição mais profunda da terra, já que eles possuem uma melhor absorção e, consequentemente, agilizam a recuperação do mesmo”, afirma.
O solo bem corrigido e nutrido, explica Roberta, leva a um bom desenvolvimento de raiz, fazendo com que a planta sofra menos estresse hídrico em períodos de seca. Porém, isso não reduz os riscos de queimadas. A agrônoma recomenda, então, que as propriedades mantenham sempre os aceiros com a manutenção em dia e desenvolvam grupos de vizinhos que fiquem sempre atentos a qualquer surgimento de fogo.
“As estimativas apontam que estes períodos de secas serão cada vez mais constantes e rigorosos, por isso, todo cuidado preventivo e agilidade nas ações de combate ao fogo são primordiais para evitar maiores prejuízos”, finaliza a agrônoma e técnica da Massari Fértil.
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