18 out Número de golpes digitais contra idosos e aposentados aumenta 70% em 2023
Mais de 15 mil pessoas acima dos 60 anos foram lesadas neste ano, sendo a fraude do empréstimo consignado a preferida pelos golpistas
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A tecnologia traz diversos benefícios, porém causou uma problemática que envolve, principalmente, os idosos e os aposentados. Segundo dados do governo federal, o Disque 100 registrou 15 mil denúncias de golpes contra pessoas com mais de 60 anos e aposentados nos primeiros cinco meses de 2023. Um aumento de 70% na comparação com o mesmo período de 2022.
Esses tipos de golpes envolvem o envio de links ou mensagens virtuais que induzem a pessoa a enviar dados confidenciais ou infectam o computador ou celular da vítima, ação conhecida como engenharia social. A fraude mais famosa é o golpe do consignado, em que o fraudador faz um empréstimo no nome do aposentado, que muitas vezes não percebe o desconto em sua conta bancária.
Em 2022, foram registradas 57.874 queixas de golpes de empréstimo consignado em Procons de todo o Brasil, ou seja, mais de seis denúncias por hora. Segundo informações da polícia, o meio usado pelas quadrilhas para conseguirem os dados e documentos é a internet, contando, ainda, com a ajuda de funcionários do INSS.
“Os golpes possuem o mesmo mecanismo: engenharia social com uma boa argumentação. Do ponto de vista do consumidor, o que pode auxiliar contra os golpes é a informação, pois a engenharia social se utiliza da distração, falta de informação e ingenuidade da vítima. Uma vez atento e compreendendo o funcionamento dos golpes, a chance de percebê-lo a tempo é maior”, relata Beatriz Catto, perita especializada em fraudes de assinaturas e documentos físicos e digitais.
Ela ainda cita o golpe do Pix por WhatsApp, em que o falsário usa a foto de um terceiro e o discurso de que “mudou de número” para pedir dinheiro para algum imprevisto que é urgente.
Existem também golpes envolvendo SMS, em que a vítima recebe uma mensagem informando uma compra suspeita. “Ao responder a mensagem e enviar dados, ou então clicar no link da mensagem, o usuário disponibiliza informações que serão utilizadas para efetuar o golpe”, explica Beatriz.
Vítima de golpe duas vezes
O aposentado Antônio Antunes Filho, 60 anos, morador de Sorocaba, foi vítima do golpe do empréstimo consignado por duas vezes, desde que se aposentou há 15 anos. Ele conta que, há 12 anos, percebeu que tinha um empréstimo em seu nome, por uma compra feita em Curitiba. “Tive sorte que a loja que fez a venda entrou em contato comigo e perguntou se eu estava ciente dessa compra. Falei que não fiz compra nenhuma e ela foi suspensa”.
Como ficou preocupado com essa questão, Antunes Filho foi até a agência do INSS e bloqueou a possibilidade de fazer empréstimo em seu nome, descontado diretamente da sua aposentadoria. Mas, depois de 10 anos, ele precisou do empréstimo para comprar uma moto e desbloqueou o serviço.
“Eu deixei aberto e caí no golpe outra vez. Fui receber a minha aposentadoria e percebi que tinham descontado R$ 1 mil”, afirma. Foi feito um empréstimo em seu nome no valor de R$ 50 mil, em uma agência bancária. “Fui ao banco e eles descobriram que o empréstimo foi realizado em São Paulo. Eu entrei com o pedido de ressarcimento e consegui”, destaca.
Como evitar
Para evitar esse problema, a perita indica que o ideal é não clicar em links enviados por desconhecidos via SMS, WhatsApp ou algum outro aplicativo de comunicação, não baixar aplicativos desconhecidos, acompanhar os extratos bancários e tomar cuidado ao fornecer informações pessoais.
Outro cuidado importante ressaltado pela especialista é com relação ao celular. Beatriz alerta para não entregar o aparelho nas mãos de desconhecidos, principalmente em caixas eletrônicos, por exemplo. “Com o celular nas mãos, a pessoa passa a ter acesso aos seus dados bancários, viabilizando o golpe”, alerta.
Beatriz ainda ressalta: “Na dúvida, é melhor não clicar em nada e pedir ajuda em algum canal oficial da empresa em questão, ou então solicitar ajuda para alguém de confiança. É importante estar alerta e desconfiar sempre”, conclui.
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Créditos: Divulgação