Mercado encontra dificuldade em preencher vagas de trabalho disponíveis

Mercado encontra dificuldade em preencher vagas de trabalho disponíveis

06 nov Mercado encontra dificuldade em preencher vagas de trabalho disponíveis

Para 81% dos empregadores brasileiros, é difícil contratar mão de obra qualificada; índice é maior do que a média global

Para quem procura emprego, a notícia é: há vagas. Para quem contrata, no entanto, a constatação é outra: falta mão de obra qualificada. Ainda que pareçam realidades paralelas, ambas as situações compõem o cenário do mercado de trabalho brasileiro.

Enquanto diversas áreas têm vagas sobrando, a dificuldade dos empregadores em encontrar profissionais com as qualificações necessárias impede que esses postos sejam ocupados. Dados da consultoria ManpowerGroup mostram que o Brasil é o nono país em escassez de mão de obra qualificada.

O levantamento da consultoria foi realizado em 2022 e considerou 40 países e territórios. Por aqui, 81% dos empregadores disseram enfrentar dificuldades para preencher as vagas abertas. Esse índice é maior do que a média global, que ficou em 75%.

Para Vera Vaz, consultora de Recursos Humanos (RH), tanto a oferta de vagas quanto as dificuldades em preenchê-las são nítidas. “Há vagas. As oportunidades de trabalho têm aumentado, mas novas competências estão sendo exigidas e as pessoas parecem não entender isso”, afirma.

A consultora explica que esse cenário é provocado por uma soma de fatores, mas destaca a falta de foco dos candidatos como a principal causa para o não preenchimento das vagas. “Os candidatos não têm objetivos claros e isso fica evidente só de bater o olho nos currículos, que, muitas vezes, nem são atualizados. Costumo perguntar o motivo do interesse pela vaga e as pessoas nem sabem para qual função estão se candidatando”, opina.

Essa ausência de objetivo, segundo Vera, faz com que os candidatos nem mesmo considerem se têm o perfil ideal para as vagas. “As pessoas viraram ‘mandadoras’ de currículos e é aí que está o erro, pois nem sempre o trabalho é ideal para o perfil do candidato. Vemos também, por exemplo, uma oferta vasta de cursos de capacitação, alguns deles até gratuitos, mas muitos acabam não fazendo nenhum porque não há foco”, detalha a consultora de RH.

Entrevistas

Currículo selecionado, entrevista agendada e, na hora, o candidato nem aparece. Isso virou rotina na busca para preencher 20 vagas oferecidas por uma papelaria de Sorocaba. Segundo o gerente Célio Júnior, de cada 10 candidatos chamados, apenas três comparecem.

“As vagas são para logística, vendas e e-commerce. As pessoas simplesmente não aparecem, nem mesmo pedem para mudar o horário da entrevista. Com isso, acabamos abrindo novos processos seletivos e chamamos outras pessoas”, relata o gerente da Papelaria e Livraria Pedagógica.

É comum os candidatos não comparecerem também às entrevistas on-line, de acordo com a consultora de RH. “Na última seleção que fiz, tive confirmações de 16 candidatos, mas somente dois fizeram entrevistas. E, detalhe: o meu processo seletivo é on-line. Nem assim as pessoas aparecem”, expõe.

Entre os candidatos que mandam currículos, o gerente da papelaria percebe a falta de foco apontada por Vera. “Mesmo divulgando o escopo da vaga, aparecem outros tipos de perfis e, por isso, acabamos não chamando essas pessoas”. conta Célio Júnior.

Mudança de atitude

Aos candidatos que buscam vagas, Vera aconselha que o primeiro passo é recorrer a uma orientação profissional, alguém que possa ajudar a definir objetivos e, até mesmo, indicar como fazer um currículo adequado.

Para quem precisa de foco, a consultora dá outra dica. “Hoje, há versões gratuitas de testes de personalidade para que as pessoas tenham, pelo menos, uma noção sobre o perfil delas. Isso é o começo de um bom direcionamento. Mesmo que o candidato queira focar em duas ou três áreas, tudo bem, mas ele precisa saber disso”.

Fortalecimento da imagem

Quem contrata pode tentar driblar essa dificuldade em preencher vagas, ainda segundo a consultora, fortalecendo a imagem de marca empregadora do negócio.

“É preciso anunciar o ambiente de trabalho, não mais aquilo que é vendido. Presto serviços para um cliente e quase todas as contratações dele surgem de indicações internas, porque as pessoas gostam de trabalhar lá. O escritório faz todas as campanhas do ano, comemora os aniversários e organiza churrascos quando as metas são batidas. São coisas simples, mas que fortalecem a marca”, frisa.

Célio Júnior aponta que essa é uma visão já adotada pela papelaria. “Gostamos de destacar a relação próxima que temos com os nossos colaboradores, acompanhando e zelando por eles. Além disso, também mostramos que temos um ambiente de trabalho seguro e somos flexíveis em relação aos horários, entendendo as necessidades de cada pessoa”, finaliza o gerente.

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Créditos: Divulgação

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