Especialista avalia que energia solar deve continuar crescendo no Brasil, mas vê falta de apoio do poder público como desafio

23 fev Especialista avalia que energia solar deve continuar crescendo no Brasil, mas vê falta de apoio do poder público como desafio

Fonte solar fotovoltaica ultrapassou a eólica e se tornou a segunda maior da matriz elétrica brasileira, segundo levantamento da ABSOLAR de janeiro de 2023

“Os custos de equipamentos de energia fotovoltaica estão cada vez mais baixos. Em contrapartida, o custo da energia elétrica vem subindo, o que faz com que a energia fotovoltaica se torne cada vez mais demandada no mundo inteiro. No Brasil não é diferente. Apesar disso, aqui nós temos a falta de apoio do poder público para que haja uma universalização do uso.”

A declaração é de Luiz Claudio Rosa, diretor da Viridian, uma empresa de Sorocaba (SP) que atua há mais de 15 anos no setor. O especialista analisou o cenário após a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) divulgar, em janeiro, um levantamento apontando que a fonte solar fotovoltaica ultrapassou a eólica e se tornou a segunda maior da matriz elétrica brasileira.

Para Luiz Claudio, o principal desafio que pode travar o crescimento da matriz solar no país nos próximos anos é a falta de apoio governamental. “Já alcançamos uma importante marca. Basicamente, todo esse crescimento se deu por iniciativa privada, diferentemente das outras fontes de energia, que normalmente contam com apoio forte do poder público”.
Na visão do especialista, se isso mudar, todos sairiam ganhando, porque a energia gerada na residência é a energia que a concessionária não precisa comprar de Furnas, por exemplo. “Então, na verdade, ela não tem prejuízo nenhum. É uma forma democrática de as pessoas se beneficiarem da oportunidade de gerar a sua própria energia”, continua.

Economia no bolso

O investimento no sistema de energia solar, há seis anos, diminuiu o valor da conta de luz da costureira Marina Rodrigues, de 47 anos, que costumava ser em torno de R$ 350 em 2016, para R$ 44 por mês, em 2023.
Quando decidiu instalar as placas solares, Marina morava com o marido e o filho em uma casa no Residencial Flamboyant, em Sorocaba. “Nós tínhamos feito uma reforma na casa e colocamos ar-condicionado, mas só usamos no primeiro mês, porque a conta de luz foi às alturas. Depois disso, começamos a pesquisar maneiras de reduzir a conta e descobrimos esse sistema de energia solar. Em 2016, ainda não era muito divulgado”, lembra.
Marina tem uma pequena confecção em casa e consome bastante energia. “Com o tempo, as nossas 11 placas não estavam mais produzindo o suficiente. Em 2020, nós tivemos que colocar mais quatro placas para gerar energia suficiente e ter uma reserva de crédito para o tempo chuvoso e hoje a nossa conta é de R$44”, conta.

Desafios da popularização

Apesar da energia solar fotovoltaica estar cada vez mais popular, principalmente por causa da possibilidade de financiamento dos equipamentos, Luiz Claudio reconhece que é um investimento relativamente alto, mas acredita que uma linha de crédito de custo mais baixo e valores de tarifas mínimas menores podem facilitar ainda mais o acesso, por isso a importância do envolvimento do poder público.
“Um grande desafio é penetrar nas camadas mais baixas da população porque elas têm um consumo relativamente baixo, mas não conseguimos eliminar a tarifa mínima, que muitas vezes é 40%, 50% do consumo total deles. Uma forma de resolver ou acelerar isso seria a gente conquistar tarifas sociais, valores mais baixos de tarifas mínimas”, avalia.

Energia solar no Brasil

De acordo com o mapeamento da ABSOLAR, a fonte solar fotovoltaica chegou a 23,9 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil, que incluem a somatória das grandes usinas e dos pequenos e médios sistemas de geração própria em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos. A fonte hídrica, primeira colocada, possui hoje 109,7 GW, e a eólica 23,8 GW.
Desde 2012, a fonte solar já trouxe ao país mais de R$ 120,8 bilhões em novos investimentos, gerou mais de 705 mil empregos e proporcionou R$ 38 bilhões em arrecadação para os cofres públicos. Com isso, também evitou a emissão de 33,3 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, segundo a associação.
Luiz Claudio reforça a importância desses números e destaca o diferencial da energia solar fotovoltaica no país. “O Brasil é super privilegiado porque em todas as suas regiões há altos índices de insolação. Além disso, os custos dos equipamentos continuarão a baixar cada vez mais em função do aumento de volume, enquanto o custo da energia não tende a baixar. Não há dúvidas de que se torna cada vez mais atrativa a opção pelo investimento na energia fotovoltaica”, completa.

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