
12 maio Crescimento nos casos de erros médicos causa preocupação com segurança em cirurgias plásticas
Pedidos de indenização relacionados a erros médicos aumentaram 64,1% em um ano; especialista alerta sobre cuidados antes de realizar um procedimento estético
O Brasil está entre os países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo. Com esse alto volume de procedimentos, cresce também o número de complicações, muitas delas fatais, que têm ganhado destaque na mídia nacional.
Entre 2023 e 2024, os pedidos de indenização por danos materiais e morais relacionados a erros médicos – tanto na rede pública quanto na privada – aumentaram 64,1%. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de processos passou de 45.687 para 74.970 em apenas um ano.
Embora o levantamento não especifique quantos desses pedidos são referentes a cirurgias plásticas, o cenário geral já aponta uma preocupação crescente e levanta um alerta sobre a necessidade de maior rigor na escolha de profissionais e clínicas especializadas.
Mesmo tendo conhecimento da importância de escolher um médico de sua confiança para realizar uma cirurgia, uma confeiteira de 49 anos, que prefere não se identificar, passou por complicações após uma abdominoplastia.
Ela realizou a cirurgia em setembro de 2024, sem intercorrências. Porém, 11 dias depois, em consulta, o cirurgião decidiu fazer um procedimento sem seu consentimento. “Eu fui ao retorno e ele achou que meu lado direito estava um pouco inchado e, sem me consultar, realizou uma punção. O procedimento resultou em uma bola na minha barriga e, depois de alguns dias, começou a vazar pela cicatriz”, relembra a paciente.
De acordo com ela, mesmo depois de várias sessões de drenagem, indicada pelo médico, o inchaço apenas amenizou, e a “bola” causada após a punção continuava soltando líquidos. “Fiquei meses assim e ele não me deu suporte pós-cirúrgico. Quando estava com dois meses de cirurgia, ele me deu alta e disse que eu estava ótima”, relatou.
Ela conta que chegou a falar que sentia muito incômodo, mas ele não deu atenção. “Ele não sabia dizer o que era, sempre dizia que ia melhorar, que era para eu ter paciência, mas não melhorava. Dizia que não era inflamação e assim foi. Eu cheguei a pedir para ele abrir [o corte] novamente, mas ele se recusou.”
Por indicação de uma amiga, a confeiteira procurou outro cirurgião, para uma segunda opinião. “Quando ele me examinou, fez um ultrassom e, pelo exame, achava que tinha só líquido e me orientou que abrir novamente seria o ideal. Ele me deu muita assistência, me senti protegida e resolvi refazer a cirurgia”
O novo procedimento ocorreu em dezembro e ela relata que a situação estava mais grave do que a observada no exame. “Quando ele abriu, eu tinha uma bola de pus no local que o médico havia feito a punção. Ele ficou muito assustado, mas limpou bem e estou tratando com antibióticos.”
Depois da sua experiência, a confeiteira faz um alerta. “Temos que avaliar todo o conjunto, ter cautela, pesquisar muito e ter bastante confiança no médico. No meu caso, acho que eu tinha que ter questionado ainda mais o médico que me operou. E sempre ouvir o corpo também, porque se eu tivesse ficado com esse médico, talvez tivesse acontecido o pior.”
Critérios em busca de um cirurgião
De acordo com o membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o cirurgião Delmo Sakabe, antes de qualquer procedimento que envolva a saúde do paciente, especialmente de uma cirurgia estética, é necessário atentar-se a alguns fatores. Entre eles, as condições clínicas do paciente no pré-operatório, a escolha do ambiente adequado e a procura por um profissional formado, especializado e membro da SBCP.
De acordo com o especialista, é necessário muito cuidado com quem promete soluções rápidas e fáceis. “Toda programação de uma cirurgia começa com uma consulta médica bem feita e um exame físico minucioso para que o médico esteja ciente de todos os fatores de risco que podem levar a alguma intercorrência, durante ou após uma cirurgia.”
E completa: “Caso esses riscos sejam altos, é obrigatório que o paciente reduza esses riscos antes da cirurgia. Respeitando essa regra, a cirurgia plástica passa a ser segura e de grande valia na busca da melhora da autoestima e da qualidade de vida.”
Outro ponto importante destacado pelo profissional é a escolha do local da cirurgia. Sakabe salienta que cirurgias plásticas, mesmo que de pequeno porte, devem ser realizadas em hospitais com Unidades de Terapia Intensiva (UTI). “Eu não recomendo, por exemplo, operar em clínicas, pois nunca sabemos quando ocorrerá uma intercorrência e, muitas vezes, algo simples de se tratar dentro de um hospital pode ser de difícil resolução dentro de uma clínica”, destaca.
Sakabe explica, ainda, que existem cirurgias com maior grau de agressividade ao organismo e que demandam mais atenção profissional e do paciente. Entre elas, estão lipoaspirações extensas, cirurgias grandes combinadas, cirurgias plásticas associadas a cirurgias intra-abdominais, lipoenxertia dentro do músculo glúteo, dentre outras.
“É muito importante salientar que uma cirurgia plástica estética nunca é uma urgência ou emergência. Ou seja, o ideal sempre é tomar as decisões com calma, conhecer o trabalho do cirurgião e da sua equipe, além de fazer um bom preparo de pré-operatório, para que a segurança seja aumentada e os riscos diminuídos”, conclui.
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