09 jun Casal com Síndrome de Down supera preconceito e comemora o amor
Jéssica e Cristiano se conheceram há cinco anos durante as atividades na Apae e hoje mostram que o amor pode existir entre todas as pessoas
O relacionamento entre pessoas com deficiência e o preconceito que algumas delas enfrentam é uma realidade dolorosa que infelizmente ainda acontece. Alguns casais vivem uma batalha constante pela aceitação e pelo reconhecimento dos direitos e desejos, muitas vezes encontrando barreiras dentro da própria família ou entre os amigos.
Jéssica Belino, de 34 anos, e Cristiano Rodrigues, de 35, são um exemplo inspirador de amor. Ambos com Síndrome de Down, começaram a namorar em 2018, durante as atividades que participavam na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de Sorocaba.
Os dois compartilham interesses em comum, como a dança e a prática da capoeira. Foi assim que seus caminhos se cruzaram. A conexão entre eles foi fortalecida aos poucos e logo o pedido de namoro surgiu naturalmente. “Foi o Cristiano que pediu para namorar comigo. Eu aceitei, gosto de dar afeto e apresentei todo mundo da família. A gente gosta de papo, saber se ele está bem, conversar. E de beijos!”, conta Jéssica. E o namorado concorda. “Amor e carinho, é o que eu sinto por ela. Vou comprar um bombom e pedir para ela casar comigo”, entrega Cristiano.
De acordo com Ana Paula Teodoro, agente social na Apae Sorocaba, existe uma tendência em infantilizar estas pessoas e negar sua maturidade e capacidade de vivenciar um relacionamento afetivo. “Eles têm esses direitos garantidos por lei e também expressam os desejos do próprio corpo deles, são desejos de sentimentos. Eles acabam tendo essa afinidade, esse afeto, e logo notam que são mais que amigos, e acabam se relacionando como namorados”, afirma a profissional.
Ana Paula complementa que a Apae trabalha o relacionamento entre os assistidos em conjunto com as famílias, visando mostrar que eles são indivíduos adultos “e são capazes de vivenciar desejos e sentimentos”, explica.
A agente social ainda complementa. “A gente costuma apoiar os casais na perspectiva de construir um relacionamento saudável e, se houver conflitos que eles não consigam resolver, nós acabamos ajudando. Tentamos levar para a família, sempre oferecendo suporte”.
“Amor é fazer tudo!”, afirma Jéssica. “E eu amo ela!”, diz o namorado. Jéssica e Cristiano são exemplos de como o amor e o respeito podem transcender as barreiras impostas pela deficiência e pelo preconceito.