04 abr Aulas de defesa pessoal ajudam mulheres a se proteger de agressores
Lutador e instrutor Mateus Martins Vasco mostra como as artes marciais ajudam mulheres a ter mais autoconfiança
A violência contra a mulher é um dos grandes problemas que assolam o Brasil. Segundo dados da pesquisa “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil”, feita pelo Datafolha e divulgada no início de março, mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022.
Apesar dos esforços dos agentes de segurança pública e dos governos, muitas pessoas do sexo feminino procuram por formas de se defender e as aulas de Defesa Pessoal apontam como uma das principais delas. Incluindo diferentes tipos de artes marciais, como o Judô, Jiu-Jitsu, Karatê e Muay Thai, o objetivo do treinamento é mostrar como neutralizar um ataque pessoal com vários métodos de combate.
“Nessas aulas, utilizam-se como principais técnicas o bloqueio, retenções e alavancas. Com o muay thai, por exemplo, a mulher vai aprender a socar, chutar e afastar o agressor. Com o jiu-jitsu, ela aprende a mobilizar o agressor, com torções de braços, pernas ou pontos onde consiga parar a agressão até chegar ajuda. E com o judô, é trabalhada a parte de projeção (queda), onde ela irá conseguir derrubar o agressor e contra-atracá-lo”, destaca Mateus Martins Vasco, lutador de MMA e professor de modalidades de artes marciais de Sorocaba.
O profissional explica que a partir dos 7 anos de idade as mulheres já podem começar a treinar e praticar a sua autodefesa, assim como utilizar as aulas como um esporte, para ter mais saúde e até mesmo para lazer. “Para isso, as mulheres precisam procurar um professor ou uma academia capacitada, que possam auxiliar e tirar suas dúvidas em relação à sua defesa. As aulas são específicas para defesa pessoal, onde serão trabalhados tanto a sua parte defensiva, quanto a psicológica, para que ela entenda como agir numa situação em que seja necessário preservar a sua vida”, explica Vasco.
Autoconfiança
A dentista Itamara Proença, 48 anos, decidiu começar a fazer aulas de defesa pessoal há dois anos. O estímulo foi acompanhar seu filho, de 13 anos, que já fazia aulas de luta. “Hoje meu filho já não está mais nas aulas, mas eu decidi continuar. Adoro boxe e me apaixonei pelo Muay Thai”, afirma.
Em meio aos golpes que aprende durante os treinamentos, Itamara acaba se sentindo mais segura de si e mais confiante, inclusive caso precise se defender de algum agressor. “Graças a Deus nunca precisei aplicar o que aprendi, mas, se precisar, já me sinto segura”, destaca. “E ainda lutar melhora muito o condicionamento físico, o que é ótimo também.”
Confiar no pressentimento
Para evitar a necessidade de aplicar a defesa pessoal, o instrutor explica que a mulher deve confiar mais em seu pressentimento, o “sexto sentido”, para não estar em locais que possam favorecer a ocorrência de uma agressão. “O instinto ainda é o melhor detector de perigo que temos. Na próxima vez que você sentir que algo está errado ou fora do normal, previna-se! Evite se colocar em risco”, reforça.
E sobre aplicar ou não os golpes no caso de uma agressão, ele emite um alerta. “Se a defesa for de forma limpa, quando o agressor usa apenas as mãos, é indicado se defender. Mas se ela perceber a presença de uma arma, é melhor evitar”, ressalta.
Dicas do Krav Magá
O Krav Magá é uma técnica de defesa pessoal criada com a união de diversos elementos das artes marciais que ajudam pessoas de qualquer gênero a terem autonomia para saber como agir em situações de perigo. Abaixo estão algumas dicas:
Não seja um alvo fácil e, sempre que tiver a oportunidade de fugir da situação antes que ela piore, aproveite;
Mostre confiança com uma postura corporal que evidencie às pessoas ao redor que você não é fraca ou vulnerável;
Estabeleça limites verbais fortes, mantendo a calma, autoconfiança e força para conseguir confrontar o agressor;
Se possível, mantenha a distância de um braço ou uma perna do agressor para ter espaço para tentar a fuga;
Não entre em pânico se cair no chão, use os golpes aprendidos para desestabilizar o agressor;
Faça movimentos contínuos, contra-atacando sem parar, até que seja seguro fugir.