18 jan Após superar lesões, lutador de MMA de Sorocaba retoma competições focado em voltar ao UFC
Com 16 vitórias no histórico, Mateus Martins Vasco participou do The Ultimate Fighter Brasil 4, em 2015, mas voltou ao Brasil lesionado. Após recuperação, o ‘Pitbull’ está pronto para voltar a competições de alta performance
Participar de grandes competições é o sonho de todo atleta profissional e nas artes marciais o Ultimate Fighting Championship é o palco de campeões mundiais. Pisar no octógono do UFC é um privilégio que o lutador de MMA, Mateus Martins Vasco conseguiu alcançar aos 25 anos, mas acabou sendo eliminado e precisou fazer uma pausa para tratar graves lesões. Agora, aos 32 anos, ele está recuperado e se prepara para voltar às competições de alta performance representando Sorocaba, cidade onde mora com a esposa e o filho há 13 anos.
A história de Mateus com o MMA teve início na adolescência. Ele começou a praticar luta inspirado pelo irmão mais velho e sequer imaginava que um dia teria a oportunidade de participar do The Ultimate Fighter Brasil 4, na categoria Peso Galo, em Las Vegas, nos Estados Unidos. A organização promove os principais eventos de Artes Marciais Mistas (MMA) do mundo, por onde já passaram campeões como os brasileiros José Aldo e Anderson Silva.
A primeira oportunidade de participar, aos 25 anos, veio acompanhada de um desafio duplo: além de enfrentar e vencer seu adversário, Mateus precisava superar lesões prévias, uma fratura na mão e o rompimento do menisco, estrutura interna do joelho formada por fibrocartilagem importante para a estabilidade do joelho. Após a derrota no campeonato, o “Pitbull”, como é conhecido, ficou seis meses afastado para se recuperar de lesões e cirurgias.
O retorno aos ringues aconteceu em Sorocaba, no Costa Combat, realizado em fevereiro de 2015, quando foi campeão da categoria Peso Mosca (até 57 kg). Apesar da vitória, o lutador sofreu uma nova fratura na mão direita e teve que parar de competir por mais três meses.
Mateus participou de outras competições, entre elas o World Fighting Championship Akhmat (WFCA), na Rússia em 2016, e o Standout Fighting Tournament (SFT), em 2019, antes de fazer uma pausa para cuidar do filho recém-nascido. Em 2021, quando já havia voltado aos treinos, o lutador contraiu Covid-19 e novamente ficou impossibilitado de lutar. No ano passado, sofreu um rompimento do tendão do bíceps direito após um treino de karatê, o que o levou a oito meses de recuperação.
“Tenho um histórico de lesões, mas nunca desisti de seguir na carreira. As dificuldades fazem parte e não foram apenas físicas, mas também financeiras. É um grande sonho, já cheguei a trocar serviços em academias para poder treinar e hoje tenho um espaço próprio e atuo como personal trainer, além de manter minha rotina de atleta. Uma a uma, fui superando cada dificuldade e agora estou em ótima forma, bem preparado para enfrentar os adversários. A expectativa é voltar às competições de alta performance e tentar uma nova oportunidade no UFC neste ano”, afirma Mateus.
Atualmente, Mateus é faixa preta em jiu-jítsu e também treina boxe, muay thai e wrestling, uma modalidade de luta greco-romana pouco difundida no Brasil. Suas referências no esporte são Vitor Belfort (lutador canhoto, assim como ele), Wanderlei Silva, além de Patricio Pitbull, com quem já teve a oportunidade de treinar. No MMA, ele soma 16 vitórias e apenas cinco derrotas, considerando seu histórico de lutas profissionais desde 2008.
Da aula experimental às lutas profissionais
Nascido em Três Pontas (MG), Mateus sempre teve contato com esportes por influência do pai, Nilson Roberto Vasco, que praticava futebol, luta e capoeira. “Desde que me entendo por gente, via meu pai, tios e primos treinando capoeira, e sempre me interessei. Quando eu era novo, meu pai deixou o esporte para virar pastor, porém meu tio continuou me estimulando a treinar e a luta tornou-se uma paixão”, conta.
Anos depois, a família se mudou para Três Corações (MG). Na época, não tinham condições financeiras que permitissem bancar as aulas de luta, mas ele passou a acompanhar o irmão mais velho nos treinos de muay thai. “Uma vez, o professor da academia percebeu o meu interesse pela luta e me convidou a fazer uma aula experimental. Eu me destaquei entre os alunos e o professor decidiu me chamar para treinar junto com eles sem precisar pagar nada. Esse incentivo foi muito importante”, relata o lutador.
Na mesma época, Mateus assistiu a uma reportagem de televisão sobre o lutador Minotauro, que havia participado do extinto Pride Fighting Championships, o que chamou ainda mais a atenção dele para o mundo do MMA.
Os treinos constantes começaram quando Mateus tinha 12 anos e, aos 15, ele fez a sua primeira luta profissional, na cidade de Pedro Leopoldo (MG), com o treinador Marcelo Ribas, pai da atual lutadora do UFC Amanda Ribas. O evento se chamava Extreme Fight e o jovem ganhou um prêmio de R$ 400. “Era muito dinheiro na época. Comprei um monte de coisas, como pipa e doces”, brinca.