08 maio Alergias graves podem levar à morte em poucos minutos se não tratadas a tempo
Reação conhecida como Anafilaxia é responsável por um em cada 200 atendimentos nos serviços brasileiros de emergência, segundo a ASBAI
Anafilaxia, a reação mais grave de hipersensibilidade (alergia) a determinado alimento, inseto, drogas, entre outros, é responsável por um em cada 200 atendimentos nos serviços brasileiros de emergência, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Ainda de acordo com o órgão, cerca de 2% da população já tiveram pelo menos um episódio de anafilaxia ao longo da vida, e o número de internações hospitalares decorrentes dos ataques cresceu sete vezes nos últimos dez anos.
A anafilaxia acomete o corpo todo do paciente e, segundo a alergologista e imunologista Daniele Alevato, de Sorocaba (SP), pode deixar sequelas graves ou, até mesmo, levar à morte em poucos minutos. “Por isso, é extremamente importante saber como identificar os sinais e como agir rapidamente em casos como este” alerta.
Recentemente, no dia 26 de abril, um influencer de 27 anos morreu após ter tido uma reação alérgica ao comer um bolinho de camarão, no Rio Grande do Norte. Dois meses antes, em 17 de fevereiro, uma jovem de 25 anos foi internada em estado grave depois de cheirar um vidro de pimenta em conserva, em Goiás. A paciente, que tem asma e bronquite, ainda se recupera da reação alérgica.
De inchaços a desmaios
A maioria dos ataques de anafilaxia é provocada por alimentos como camarão, peixes, leite e amendoim, além de insetos como abelha, vespa e formiga. Entre os pacientes com maior risco de desenvolver a reação alérgica estão asmáticos, grávidas, bebês, idosos, pessoas com problemas psiquiátricos e quem ingere álcool ou drogas em excesso.
Os sintomas mais comuns da anafilaxia são edemas (inchaços) na pele, olhos, boca e orelha, urticárias (lesões vermelhas no corpo), tosse, falta de ar e queda de pressão, podendo gerar uma síncope (desmaio).
“Na alergia comum, como a rinite, os sintomas incomodam, mas são controlados. Já na anafilaxia, a pessoa tem uma piora rápida e a reação alérgica atinge várias partes do seu corpo ao mesmo tempo”, explica a médica.
Tratamento com adrenalina
Para evitar que algum episódio grave aconteça, a médica veterinária Patricia Franciulli proibiu a filha Marcella, de nove anos, de ingerir oleaginosas. No primeiro ano de idade, enquanto comia paçoca, a menina descobriu ter alergia ao amendoim e, mais recentemente, a pistache também.
“Na época, tratamos com anti-histamínico pois ela apresentou apenas sintomas de pele. Em 2022, passando em um alergologista, após um exame chamado Rast, descobrimos a sensibilidade dela ao amendoim”, conta a mãe, de 47 anos.
A única medicação capaz de conter uma reação alérgica grave hoje é a adrenalina, disponível em qualquer local de atendimento médico no Brasil, como prontos-socorros e hospitais. Além disso, o ideal é que pacientes sabidamente alérgicos importem de outros países canetas auto-injetáveis de adrenalina para emergências.
“Assim, no momento em que ocorre a anafilaxia, a pessoa já faz a medicação, ou pessoas que estão próximas a ela, pois é necessária uma intervenção rápida e às vezes não dá tempo de chegar até um hospital. Quanto mais demorar para socorrer, maiores as chances de desenvolver sequelas ou de a reação alérgica ser fatal”, comenta a médica.
Embora Marcella nunca tenha tido uma anafilaxia, a mãe decidiu importar as injeções através de uma distribuidora e está sempre atenta a qualquer sinal da filha. “Temos um plano de ação em casa e na escola com anti-histamínico e injeção auto injetável de adrenalina Epipen”, completa.
Fique atento aos sinais
Embora não seja possível prevenir a reação alérgica grave na primeira vez, é essencial ficar atento ao aparecimento de sintomas diferentes quando a pessoa for submetida a medicações, alimentos e picadas de insetos diferentes.
Se for o caso, é necessário procurar um alergologista para investigar os sinais e saber se a pessoa possui ou não alergia à determinada substância e evitar problemas no futuro.
“Por exemplo, se eu comi um camarão e coçou a minha garganta ou apareceram lesões vermelhas no meu corpo, preciso investigar se tais sintomas já são alérgicos e se um próximo contato pode provocar uma reação grave. Só assim conseguimos salvar vidas.”
A alergologista também orienta os restaurantes e lanchonetes a perguntarem se o cliente que vai consumir determinado prato tem alguma alergia alimentar antes de oferecê-lo.
“Isso beneficiaria em muito os alérgicos, pois evitaria reações graves e o local também teria mais cuidado para não ocorrer contaminação durante o preparo da comida”, finaliza.